Trabalho com jovens de uma comunidade religiosa que é o “sonho de consumo” de qualquer líder-educador... Suas únicas angústias giram em torno de suas escolhas para o futuro, seu crescimento em uma intimidade pessoal com Deus e um bom relacionamento interpessoal com o grupo. Mas não deixam de ser jovens, com toda a mudança que esta fase trás.
Dentre estas circunstâncias vividas, quero relatar de uma experiência que tive com um dos garotos, que por sinal me deixa muito intrigado com sua inteligência simples e perspicaz. Sua atenção estava sendo múltipla, amigos, namorada, família e trabalho. Mas de todas estas, o que mais tirava o seu sono era a futura digníssima, a namorada. Nada bem, maior pressão!!! Era perceptível sua inquietação e refúgio. Tentei conversar, mas nenhum resultado. Mas deixei no ar a possibilidade de ajuda, caso no futuro ele mudasse de idéia.
Alguns dias se passaram, e depois de um dia cheio e tumultuado de trabalho, para minha surpresa, ele me ligou pedindo uma horinha pra bater um papinho. Nenhum cansaço poderia me tirar esta oportunidade incrível! Ele queria falar... Uau!!!! Vibrei de alegria!
Pode parecer infantil meu entusiasmo, mas se tratando de um jovem que pouco fala de suas inquietudes até para o melhor amigo, de fato eu estava sendo premiada.
“Quanto maior a intimidade e crescimento mútuo, maior o entendimento, mesmo sem o uso de palavras.” Ao ler esta frase, este momento me veio à mente. Não posso exigir dos meus jovens algo que realmente não pude oferecer a eles. O que apenas posso oferecer hoje é minha amizade... meus causos furados, minhas risadas e bobices. Através disso, inconscientemente, ganho a confiança deles, me colocando em igualdade de pensamento e atitude. Todo este cenário me dá a possibilidade em transmitir gestos e palavras seguras e confiáveis que demonstre a eles que estou acessível, acreditando que o processo comunicativo que estou provocando seja eficaz.
E o namoro?! Vai bem obrigada! rs
Já falam até em casamento!!!
Josianne Tavares
A prática do diálogo e trocas de experiências. Quem disse que temos as respostas? Quem disse que realmente sabemos o que fazer?
ResponderExcluirè exatamente assim que me sinto... perdida dentro de um universo que de tão simples... complexo se torna.
Boa sorte nessa caminhada
Gostei muito do conteúdo vivencial desse texto. E da atitude que a autora teve diante da necessidade de escuta expressa pelo referido jovem.
ResponderExcluirA experiência do namoro, assim como outras vivências significativas de nossa existência e do nosso processo de amadurecimento humano exigem, além da acolhida e da confiança, acreditarmos e praticarmos o valor da gratuidade (“perda de tempo” para muitos que seguem a regra da eficiência e do lucro em tudo).
Pensando nisso, lembrei-me espontaneamente de Antoine de Saint-Exupéry e de sua famosíssima alegoria do relacionamento humano profundo e duradouro: “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante” (O Pequeno Príncipe).
Dessa maneira percebo como precisamos aprender a “perder o tempo” com as “nossas” rosas! Somente fazendo assim é que estas aprenderão a cuidar de outras “rosas”!
Parabéns pela pedagogia realmente maiêutica (Sócrates) usada intuitivamente com esse jovem. Dessa forma, e neste caso, ele realmente “deu à luz” a sua própria potencialidade!
"Estar sempre com os jovens, e não como os jovens"
ResponderExcluirNesta frase eu resumiria a sua bela postura diante do garoto.
Parabéns!!