quarta-feira, 8 de junho de 2011

Hip Hop e educação = Comunicação

A educação não está somente nos livros ou em uma escola, o rap que significa(ritmo e poesia)  propõe uma educação para vida, através da qual os sujeitos estão sempre aprendendo e ensinado por meio das suas vivências. É nesse sentido que o Hip Hop tem muito a dizer aos profissionais da educação. É um movimento que se ancora em ações pedagógicas cujo objetivo primordial é a superação, a busca, o auto-conhecimento e reconhecimento, tornando a formação humana uma afirmação da liberdade de expressão, de mudanças de pensamentos e ensinamentos práticos.
Para quem não conhece a cultura hip hop, não consegue visualizar e compreender que a educação para vida engloba todos os movimentos culturais da sociedade em que vivemos, o hip hop com os seus elementos rap, break, DJ, grafite e posses compõe sentimentos, pensamentos, questionamentos significativos para o desenvolvimento pessoal do jovem. Como cita Freire: “É preciso que, os que assim se encontram negados no direito primordial de dizer a palavra, reconquistem esse direito, proibindo que este assalto desumanizante continue.” (1987, p.79)
Trazendo a reflexão de Freire para o hip hop, entendemos o direito da palavra que faz com que o sujeito reflita e se questione, impondo limites a qualquer tipo de alienação sobre ele. O rap tem como instrumento fundamental a palavra que possibilita a expressão de pensamento para a transformação de si e do mundo. Dayrell conceitua o rap como a pedagogia da palavra e sintetiza todas as discussões que estão ao longo desse texto afirmando que:
[...] Uma pedagogia da palavra emitida pelas letras, por meio da qual não pretendem impor uma compreensão da realidade, mas ‘fazer o cara pensar’ como nos disseram vários deles. Uma pedagogia na qual há respeito pela diversidade, quando propõe que o outro, na sua condição de indivíduo, pense por si mesmo e tire suas próprias conclusões. Essa postura é coerente com as relações que estabelecem nos grupos, em que o coletivo não subsume o individual, o ‘nós’ não abdica da condição do ‘eu’. (2002, p.133)
Este direito à palavra que garante a libertação, juntamente com os elementos que compõem o hip hop, possibilitam ao educador fazer do seu ensinamento-aprendizagem algo significativo para os seus educandos, sendo envolvente, problematizador e dialógico.
Muitos educadores criam um distanciamento entre o conhecimento científico e o conhecimento de mundo e vivência. E essa é uma cultura pedagógica que precisa ser superada pelos educadores. A escola sozinha não conseguirá que os educandos sejam críticos e transformem positivamente suas realidades se não dialogar com a cultura da rua, com as manifestações culturais que pulsam fora da escola. Por isso, a apropriação desses elementos, a exemplo do hip hop, não no sentido da assimilação e ‘pedagogização’ alienante, mas, ao contrário disso, na direção do diálogo, é um caminho bastante promissor para um projeto educacional que se afirma na perspectiva da transformação social.  

ISABELA OLIVEIRA DE SIQUEIRA
REFERÊNCIAS
DAYRELL, Juarez T. O rap e o funk na socialização da juventude, Educação  e Pesquisa . São Paulo,v25,n.1,2002 p.133
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. Ed. RJ: Paz e Terra, 1987.

2 comentários:

  1. Oi Isabela, acredito que o fato de nós que estamos fazendo esse curso, sermos em grande maioria educadores de jovens é algo que vai justamente em favor da aproximação do conhecimento científico com a vivência e o mundo dos jovens dos quais somos educadores.
    Parabéns para o grupo!
    Os textos estão ótimos! Visitem nosso blog também. Abraço
    Margareth Maria

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  2. Oi Margareth...
    Valeu pela participação... e adorei a observação

    Como eu disse no primeiro bimentre: somos pesquisadores participantes, né?

    Vivenciamos uma verdadeira práxis
    Teoria e Ação Juntas

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